Boa tarde Ivan,
Agradeço o interesse em nossos produtos e na maneira como procura entender suas características e funcionalidades. Para nós trata-se de importante oportunidade de apresentarmos nosso diferencial comparado a nossos concorrentes.
Sua colocações são precisas e contundentes. Dignas de quem entende do que está falando. Portanto. perdoe-nos pela simplicidade de nosso relatório, pois geralmente são direcionados para o público geral, dentro de uma linguagem de mais fácil interpretação possível.
O laudo feito por nosso Departamento de Pesquisa é laboratorial, com base nas evidencias visuais, dimensionais e dureza. Com isto, checamos se a corrente foi produzida atendendo requisitos básicos de tratamento térmico, montagem e se foi instalada de maneira adequada na motocicleta.
Mas, vamos lá às seus questionamentos, tentarei ser o mais prático possível:
No relatório apontamos um superaquecimento nos pinos, caracterizado pela cor avermelhada.
Na imagem abaixo podemos analisar melhor como funcionam os retentores (em “X”), destacado em vermelho, está o lubrificante.
Os retentores tem dupla função:
1- Enclausurar o lubrificante entre os pinos e buchas, reduzindo assim o atrito entre eles e consequentemente o desgaste e alongamento da corrente.
2- Inibir a entrada de elementos neste ambiente que pudessem comprometer a função de lubricidade. Até mesmo de nova lubrificação!
De fato (até nos orgulhamos disto) os retentores DID tanto O’ring ou X’ring cumprem seu papel de maneira duradoura e como nenhuma outra marca no mercado.
Mas então, o que explica a inexistência de lubrificante na corrente? Diversas possibilidades. Nos reunimos e elaboramos um breve brainstorming para melhor explicá-las:
1- Por falha operacional, a corrente ter sido montada sem lubrificação adequada.
- a. O operador não identificou que o tanque de óleo estava vazio (considerado como severidade muito alta, ocorrência remota, detecção muito grande);
b. A corrente ficou tempo demasiado sem fechamento das placas, o que faria com o óleo se perdesse (considerado como severidade alta, ocorrência baixa, detecção moderada);
c. A velocidade da linha estava alta, não permitindo a penetração adequada do lubrificante nos elos internos da corrente (considerado como severidade média, ocorrência remota, detecção muito alta);
A situação b. foi considerada a mais provável nesta condição.
2- A pressão nos retentores pela placas externas não era adequada, fazendo com que o óleo se perdesse.
- a. Durante a montagem a prensa de fechamento de placas não estava ajustada; (descartado: dimensional da corrente ok através de dispositivo P-NP)
b. Uso de solventes na limpeza da corrente (exemplo WD40), estes ressecam a borracha que por fim acabam perdendo memória (resiliência) e se desgastam de forma acentuada
Nota: Os retentores em imagem ampliada se apresentam bem desgastados;
c. Abrasivos como areia e cimento desgastam os o’rings e estes perdem poder de retenção.
Nota: marcas de desgaste por abrasão na região onde são mantidos os retentores.
3- A corrente teria sofrido forte vibração quando em operação, isto torna o enclausuramento do óleo não eficiente pelo processo de desmontagem da corrente ou deformação do retentor;
Isto pode ser gerado por desalinhamento, uso combinado com coroas e pinhões desgastados, fechamento da emenda de forma irregular, ou algum elo menos flexível.
Nota: emenda ZJ aparenta ter sido montada sob ação de marteladas, sem uso de ferramenta adequada. A análise não é conclusiva pois a emenda estava destruída para remoção da corrente.
Ivan, estas são as condições mais comuns para que aconteçam a falha de desgaste prematuro por lubrificação inadequada. Nada impede que possam ter ocorrido outro fator de causa.
Um laudo mais preciso e certeiro seria muito difícil nesta etapa pois os fatores são diversos e o desgaste já aconteceu.
Acredito que esta ocorrência servirá para nós como um alerta e como ponto de melhoria. Graças ao seu relato junto, estamos nos dedicando ainda mais no processo de lubrificação de correntes.
Quanto ao manual da YAMAHA, acredito numa possível falha de digitação.
Você citou a XT660...
Já a YAMAHA XT660R e Z, possui um motor muito forte, que gera cerca de 800kgf de força na corrente quando parte do zero. A DID VX2 é desenvolvida para uma carga de ruptura de 36,5kN, acredito ser a maior da categoria, porém o pior vilão da corrente é a VIBRAÇÃO (pior até que a falta de lubrificação), porque prejudica a sua resistência à fadiga. Na maioria das vezes, a falha começa na expulsão dos retentores, devido ao processo de desmontagem da corrente (uma vez que a corrente é composta de prensagem de componentes). Veja este exemplo abaixo que analisamos a algum tempo atrás:
Exemplo de retentor sendo expulso devido a abertura dos elos internos.
Infelizmente, esta vibração ocorre pelos seguintes fatores:
1- Fechamento inadequado de emendas;
Apresentação de fechamento inadequado
Largura da corrente no elo de emenda x largura de demais elos, elo mais pesado gerou forte vibração na corrente
2- Uso prolongado em baixa (gera chicoteamento da corrente)
-----------------------------------------------------
Concluindo...
Bem, Ivan, como pode ver, pequenos detalhes são cruciais na vida útil da corrente.
Espero que tenha compreendido (embora acredite que falo com um especialista em 6 sigmas).
Não estamos de forma alguma nos isentando de qualquer responsabilidade no acontecido. Me coloco a sua disposição para eventuais sugestões.
Grande abraço